sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

15 Minutos


       Cada cabeça um mundo. Pura verdade. Verdade porque cada pessoa olha o mundo de uma maneira, gerando assim seu próprio mundo.
       Umas acham que o mundo está contra elas, outras que tudo está errado, algumas que tudo vai dar certo, etc. O mundo então pode ser pensado como uma projeção nossa. Vivemos o que pensamos. Por isso muitas vezes a convivência humana é tão complicada. Mundos se esbarrando, colidindo.
       Tento hoje não colidir mais com outros mundos, mas sim observá-los e com isso conseguir enxergar belos e exóticos pensamentos, mesmo que antagônicos aos meus.    

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Simples Assim

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    A vida não é complicada. Somos nós que a complicamos através de nossas mentes inquietas,ociosas e impacientes. Como é falado na meditação, é como se existissem dentro de nossas cabeças vários macacos pulando de galho em galho.
    Se começarmos a observar, sempre procuramos o difícil,sofisticado e complexo das coisas e ações que decidimos realizar. Partimos do pressuposto que a solução mais cara, mais complexa,que envolve mais itens é sempre a melhor quando na verdade podemos resolver o problema com escolhas simples. Nossa mente segue esse rumo e quando percebemos transformamos probleminhas em problemões, o grão se transforma em pedra gigante que nos esmaga. Tendemos também a colocar obstáculos onde deveriam haver caminhos , algo começa simples e termina complexo porque nós fazemos com que isso aconteça. Simplexamos as coisas. Quantas vezes alguém falou com você e você, numa distorção daquelas palavras, deduziu outra coisa e daí começou a tirar conclusões absurdas. Isso é mais um exemplo dessa simplexação, algo é simples e nós o tornamos complexo.
    Simplicidade. Essa é a palavra que devemos cultivar. As coisas mais belas e preciosas da vida são simples: o momento do nascer do sol,o crepúsculo, aquela conversa com um amigo, o silêncio, risos de criança, um domingo a tarde com os amigos, os recreios da nossa infância, as comidas da sua avó (poxa, as comidas da minha avó, que saudade), os grilos cricrilando a noite, os dias de chuva que passamos em casa enrolado dos pés a cabeça.
    Sejamos simples pois a felicidade aí está.

sábado, 11 de agosto de 2012

O Não-Lugar


    É curioso perceber a impessoalidade de espaços como  rodoviárias,aeroportos. Ali não se formam laços duradouros, as pessoas sempre estão chegando ou partindo. Mas um ótimo local para se ter  amigos instantâneos. Você senta para esperar o transporte, olha para o lado e há uma pessoa, basta um sorriso e dali a poucos minutos já se conhece a sua comida preferida, a música que o faz chorar,etc. O mais estranho nisso é que quando partem, cada um vai viajar com um pouco do outro e depois de um tempo esse pouco já não existe mais.
São nesses lugares, ou melhor, nesses não-lugares, que diferentes culturas, experiências, sentimentos, épocas, se encontram. O argentino, o búlgaro, a bailarina, o mecânico, o estudante; os alegres, o tristes, aqueles que estão começando e aqueles que não têm mais coragem de começar. Porém, é um encontro fugaz, instantâneo. Como este curioso e estranho encontro que ocorreu numa rodoviária:
      - Oi, tem alguém sentado aí?
      - Não, pode sentar.
      - Poxa, não conhecia a cidade,muito bonita. O senhor a conhece?
      - Já estive aqui na minha juventude e agora moro aqui.
      - Deve ser muito bom para se morar, cidade pacata, acolhedora, com lindos lugares...
      - Sim, é verdade, muito boa de se não morar também.
      - Como? Não entendi.
      - Você tem quantos anos?
      - 25.
      - É verdade.
      - Eu estava mesmo precisando de umas férias, agora estou voltando para a minha cidade. Voltar ao trabalho... Mas o que eu quero mesmo é arrumar um emprego melhor ou quem sabe estudar fora do país. O senhor já viajou para fora do país?
      - Passei um tempo em Londres a trabalho.
      - Sério? Como é lá?
      - Foi uma boa época. Os ingleses são de uma gentileza exagerada. Conheci muitas caricaturas.
      - É isso o que eu quero, ir para fora do país, conhecer gente, conhecer coisas, mulheres interessantes, quem sabe comprar uma casa, ou talvez não.
      - Falar demais...
      - O senhor falou o que? Não entendi.
      - Pensando alto, coisa de velho.
      - Acho que meu ônibus chegou. Foi um prazer conhecê-lo. Seu ônibus já não chegou também?
      - Já, há alguns anos.
      - O quê?
      Sem entender nada, o jovem sai em direção ao ônibus.”Que senhor estranho”, pensa.
      “Como eu era engraçado”, pensa o senhor, rindo, que agora se levanta em direção a saída.